Apesar disso, alguns números são positivos para o setor. Um deles é a queda de 0,8% na inadimplência registrada em agosto deste ano, na comparação com o mês anterior, também segundo dados da Serasa Experian. Enquanto as dívidas não bancárias (que incluem cartões de crédito, financeiras, lojas e prestadoras de serviços) recuaram 3,1% no mesmo período, as dívidas com bancos e títulos protestados tiveram alta de 0,8%, em agosto ante setembro de 2014.
Na avaliação do economista Emilio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo, embora tenha registrado alta em setembro, de um modo geral, a inadimplência tem caído nos últimos dois anos devido a uma maior cautela do consumidor em tomar crédito.
“As pessoas não encontram mais espaço no orçamento”, analisa Alfieri. Segundo ele, outro fator que contribui para a menor taxa de inadimplência é o desemprego em nível histórico baixo.
Planejamento
Mesmo assim, o calote preocupa. Quase metade dos devedores (47,3%) pretende quitar as pendências apenas no ano que vem e um em cada cinco inadimplentes fez novas dívidas sem ter pago as obrigações anteriores. Isso é o que mostrou uma pesquisa divulgada pelo Instituto Gestão de Excelência Operacional em Cobrança (Geoc) no 10º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, realizado pela entidade nos dias 21 e 22 de outubro em São Paulo.
O levantamento foi feito naquele mês com 110 mil devedores que constam do banco de dados das 16 maiores empresas de cobrança do País. Neste cenário, todo cuidado é importante por parte das micro e pequenas empresas, afirma Alfieri.
Afinal a expectativa para o próximo ano é de nova subida da inadimplência. Uma maneira de se proteger é ser mais seletivo, afirma ele. “É importante consultar os órgãos de proteção ao crédito, como Boa Vista/SCPC e Serasa, e fazer uma análise de risco de crédito, avaliação mais detalhada sobre o comportamento do consumidor”, recomenda o economista.
Recuperação de crédito
E quando a dívida não é paga, entram em cena empresas especializadas em recuperação de crédito. Com forte investimento em tecnologia, os escritórios de cobrança se modernizam constantemente e desenvolvem diferentes estratégias para conseguir recuperar o crédito.
A segmentação da base de dados é uma delas, segundo o conselheiro da Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito (Aserc), Álvaro Musa. De acordo com ele, este procedimento separa os clientes em diversas categorias, como [integrantes da] geração X e geração Y.
“Cada perfil tem um tipo de comportamento e, se a empresa não entender o contexto do cliente, não consegue chegar à fidelização”, indica Musa.
Esta abordagem se traduz no uso, por exemplo, de redes sociais para alcançar os inadimplentes mais jovens. “Quem souber organizar bem a base de dados vai se destacar”, enfatiza o conselheiro da entidade.
Desafios
O maior desafio das empresas de recuperação de crédito é encontrar o cliente na hora certa, diz a diretora comercial da Total IP, Ariane Abreu, empresa que oferece soluções tecnológicas para mais de 115 escritórios de cobrança e recuperação de crédito.
“A área começou a investir mais em tecnologia nos últimos anos. Atualmente, uma das principais inovações são as unidades de reconhecimento audível (URAs). O processo tem uma função massificadora que otimiza o trabalho do operador e atinge maior número de pessoas num menor tempo”, afirma a diretora da Total IP.
Na outra ponta, as instituições financeiras também ajudam nesse esforço de alcançar os consumidores. “Os bancos acompanham diariamente as carteiras e oferecem promoções. Há um processo de gerenciamento do comportamento dos clientes que auxilia o trabalho das recuperadoras”, pontua Musa, da Aserc.
É importante consultar os órgãos de proteção ao crédito e fazer uma análise de risco de crédito do consumidor ”
Alfieri
Economista da Associação Comercial de SP
O maior desafio das empresas de crédito é encontrar o cliente na hora certa